terça-feira, 27 de abril de 2010

Haikai às delicadezas cotidianas

São sutilezas
E gentilezas
Que evaporam das maçãs.

Nas tardes frias
Aquecem as divisórias
Evaporam a sonolência nas manhãs.

Seu intento é aprazível
Tal como o sorriso,
E a tez ruborizada como maçãs.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

I want

Profusão de delicadezas:
Porque a sutileza não faz parte de mim.
Inspiração
Porque a realidade é indomável e somos assim.
Hesitação
Porque a determinação aniquila e a decisão é uma encruzilhada.
Paciência
Porque o tempo é o imimigo que pretendo ter por perto...
E teu olhar e teu aroma...Isso é o suficiente.

Camaleão

Outras criaturas

revelam

verdadeiramente

quem somos de fato:

autoretrato.

Tartaruga

Algumas criaturas

revelam

simplesmente

o nosso estado de espírito:

autoretrato.

Ao espelho I

Ela é a própria insanidade
Em verde, laranja e vermelho.
Não há mais luz que possa contê-la
Ela é própria luz em neón
Em verde, laranja e vermelho.
Ela é incapaz de conter seu desejo
É degradante, deplorável, devassador
Teus olhos a tragou por inteiro
Em ti permanecem os pensamentos
Em verde, laranja e vermelho.
Procura sair da escuridão
Que a sua ausência implacou.
É o próprio absurdo!
Ela dança, canta, encanta...
É a fuga ou o desespero?
Mergulha no abismo procurando livramento
Arranca-te e lança-te longe
E longe permanece...
Isso a insatisfaz.

Ao espelho II


Insone em realidade,
Seu deleite é imoralizar a própria alma,
Provocar ao mundo,
Castigar-se e enfraquecer-se.
Tolice! Porque a fuga, mulher, não reside na atitude mas no próprio esquecimento.
Ela esquece.
Pensa que esquece.
Dorme outra vez.
Agora é indiferente enquanto sonha.Nela reflete a paz e a tranquilidade que outrora se fez anseio: em verde, laranja e vermelho.
Enquanto teu corpo adormece inconsciente da loucura que assola e tira-lhe a liberdade, a própria vontade.
Essa mulher pincela a própria infelicidade: em verde, laranja e vermelho.

domingo, 18 de abril de 2010

Copos vazios- introdução


Em algum momento os copos estavam vazios. Neles outrora jaziam apenas a fúria e a ironia. Seu transbordamento se deu aos poucos, numa cidade deserta sedenta por afeição. Por isso, seu caos foi revelado aos poucos, porque na mulher não havia mais nenhum sentimento que aflorasse alguma pureza e sobriedade. Sua generosidade e paciência ficaram em silêncio e seus ímpetos a comandaram. Achava que era livre e pensava que amava. Mas seu egoísmo a tornou cinza, tal como o conteúdo dos copos. Tudo ao seu redor permaneceu cinza por um longo tempo. Quando descobriu as cores em alguma primavera, não aceitava e nem permanecia resignada: sua mente apenas alimentava alguma esperança de vida plena, de fé ou de tesouro escondido nos copos. Neles não quisera tocar, porque temia o transbordamento do que era frívolo e maldoso, porém estavam estampados em suas mãos e tintas. Os copos eram frágeis e sensíveis demais e por isso ela os escondia em lugar tão seguro e intangível que ninguém poderia enxergar, tocar ou perceber. Isso era seu maior triunfo: dominar seu esconderijo. Por vezes, ela perdia-se nos labirintos que construiu para alcançá-los e nos copos transbordava a insanidade. Queria encontrar o caminho, traçar uma rota, mas não conseguia, pois a sua procrastinação, a sua teimosia em fazer algo próximo ao perfeito desfez todos os mapas mentais possíveis. Caiu no esquecimento e no próprio esquecimento. Sua identidade perdeu-se como os copos vazios. Ainda que transbordassem, era demasiado difícil conseguir alcançá-los e tomá-los novamente para si. Entretanto, alguém os encontrou.